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MICROPLÁSTICO: um macroproblema para o meio ambiente global

A grande parte dos plásticos são descartados de formas inapropriadas, sendo carreados para os rios, chegando aos mares e oceanos, tornando-se o tipo de lixo mais frequente no ambiente marinho, sendo os microplásticos, os principais poluentes dos oceanos.

 

Os microplásticos (MPs), como o próprio nome diz, são partículas de plásticos diminutos com tamanho inferior a 5mm, e possuem duas origens: primária e secundária. Os de origem primária já são fabricados em forma de MPs e são chamados de pellets, onde são amplamente utilizados na fabricação de tecidos sintéticos, esfoliantes e produtos de higiene bucal. Os de origem secundária são provenientes da degradação dos milhões de plásticos que estão à deriva nos oceanos, que por influência das ondas, variações de temperatura, radiação solar e microrganismos, liberam aos poucos, pequenos fragmentos ou filamentos de plásticos ao meio ambiente.

 

Devido ao seu tamanho diminuto, os MPs podem ser facilmente assimilados por diferentes tipos de seres vivos, como: sururus, ostras, crustáceos e peixes; e podem ser encontrados em todos os ambientes possíveis: desde a neve da Antártica até em animais que habitam a Fossa das Marianas, que possui 11km de profundidade, localizada no Oceano Atlântico.

 

Os MPs vêm causando danos imensuráveis ao meio ambiente global, onde podemos destacar os acúmulos deles nos tratos digestivos de animais, que poderão morrer por intoxicação e/ou inanição, ou seja, falta de alimentos; os MPs têm a capacidade de absorver agrotóxicos, metais pesados e outros produtos tóxicos encontrados na água, aumentando ainda mais a sua capacidade de intoxicação; na sua grande maioria, os primeiros seres vivos a assimilarem os MPs, estão na base da cadeia alimentar (ex.: zooplânctons, moluscos e crustáceos) e poderão acumulá-los nos seus tecidos. Aí que mora o perigo, já que eles serão predados por animais, que irão se contaminar e estes serão presas de outros animais, com isso, toda a teia alimentar (conjunto de cadeias alimentares que estão interligadas entre si) será contaminada, onde os animais que estiverem nos topos das cadeias ou teias alimentares, acumularão as maiores quantidades de MPs.

 

Dentre os animais que estão neste topo, nós seres humanos somos contaminados diariamente por MPs provenientes dos alimentos que ingerimos e pelo ar no qual respiramos. Os estudos mais recentes detectaram as presenças de MPs nas fezes humanas, placentas de grávidas, pulmões e mais recentemente, no nosso sangue. Um estudo canadense estipulou que nós ingerimos de 75 a 120 mil partículas de MPs/ano e outro estudo, sendo este dos EUA, mostraram que cada cidadão consome em média 6m de fita de plástico/ano.

 

Os R da sustentabilidade ainda são os principais meios para diminuir, de forma direta e indireta, a grande quantidade desses poluentes no meio ambiente. Um dos maiores problemas é o consumo e/ou utilização exagerada de produtos com composição plástica, e por isso, recusar gera uma reflexão antes de comprarmos e/ou aceitarmos esses tipos de produtos. Os melhores exemplos de recusa são para os plásticos descartáveis de uso único, que podem ser substituídos por produtos reutilizáveis.

Ao adotarmos o hábito de questionar nossas compras, vamos notar uma redução dos itens desnecessários em nosso cotidiano. Além de comprar menos, nós podemos escolher produtos mais sustentáveis, como os que utilizam bambus, onde cada árvore de bambu leva entre três a quatro anos para ficar pronto para o corte e existem mais de 200 espécies dessa planta no Brasil.

Outra questão é que muitos produtos que são descartados todos os dias, poderiam ser reutilizados, ganhando novos usos. Algumas dicas como consertar os eletrodomésticos, reutilizar as sacolas de supermercado para acondicionar o lixo de casa e comprar roupas usadas, ajudam a produzir um número menor de resíduos.

A reciclagem já foi considerada a solução para os problemas dos resíduos, mas ela deve ser o último recurso a ser aplicado, pois é um processo que demanda muita energia, e quando o petróleo em baixa no mercado, fica muito mais viável a criação de novos produtos plásticos. Mesmo sendo um processo complicado, ainda é preciso garantir a limpeza correta e organização dos recicláveis, através da coleta seletiva.

Mediante todas as informações supracitadas, devemos repensar sobre o consumo do plástico, descartá-los em lugares corretos e lembrarmos que, o que não vai para o lixo, vai para o mar!

 

 

Por: Daniel Gosser Motta

Bacharel em Ciências Biológicas – UVV

Complementação Pedagógica em Biologia – Claretiano

Mestrando em Biologia Animal – UFES (onde desenvolvo projeto sobre bioacumulação de microplásticos em invertebrados marinhos)

Consultor e Analista ambiental

Coordenador de Educação Ambiental na Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Vila Velha

 

 

 

 

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